No momento, você está visualizando É possível ser livre para escolher em meio a tantas influências e determinismos?

É possível ser livre para escolher em meio a tantas influências e determinismos?

Como falar de ser um ser livre em tempos de era digital, onde tudo é possível de se fazer sem sair de casa, como comprar um carro, escolher uma viagem, se conectar com pessoas, namorar a distância, filtrar os conteúdos a serem consumidos intelectualmente, porém dentro de um mundo onde os algoritmos influenciam o tempo todo nas nossas escolhas. Será possível então escolher como e pelo que ser influenciado?

Não somos totalmente livres para fazer o que queremos, pois somos seres limitados em nossa existência, devido a fatores condicionantes que fazem parte da nossa realidade, como a família, os círculos sociais, as instituições e pela sociedade com o seu sistema de crenças, regras e valores. Mas, mesmo diante dessas barreiras que restringem a nossa vida, a liberdade é exercitada no momento que fazemos escolhas e damos significados e sentido para o que vivemos.

O paradoxo se encontra no fato que influenciamos e somos influenciados ao mesmo tempo que podemos fazer escolhas, pois o homem ao escolher “não escolhe apenas para si escolhe também para a humanidade.” Uma vez que somos responsáveis pelas nossas ações no mundo, nossas atitudes podem impactar positivamente ou negativamente na sociedade.

Um exemplo muito atual sobre essa responsabilidade refletiu principalmente no começo da pandemia do covid-19. Contando com a colaboração e cooperação de toda a sociedade para conter e controlar a disseminação do vírus, atitudes controversas a essas medidas impactaram para o avanço e controle da pandemia.

E por termos essa existência livre e, portanto, carregada de responsabilidade, nos encontramos angustiados pelo fato de estarmos nos projetando entre o ser e não ser, “é através da liberdade que o homem escolhe o que há de ser”. Com isso, fica muito claro que cada experiência que o homem vive se tornará o resultado de quem ele é no presente, sempre sendo possível alterar o seu curso, o caminho que está percorrendo.

O homem é um projeto e está constantemente se construindo, se refazendo, se escolhendo, sem um fim propriamente, pois ele não se completa. Ser, ser humano é ser alguma coisa, um alguém que está passando por um processo, se definindo, mas nunca definido. Assim, estando consciente de si, das suas responsabilidades e escolhas no mundo, o homem torna-se a si mesmo.

Eu particularmente, adoro viajar sobre esses conceitos existenciais, isso me leva a pensar sobre essa potencialidade e possibilidade que está em nós, que é a liberdade de se construir e descontruir, de fazer as próprias escolhas, de mudar o percurso da vida e escolher pelo que ser influenciado. Apesar de todos os condicionantes, biológicos, sociais e psicológicos, ainda seremos livres para escolher perante a vida. 

Como diria um dos intelectuais que mais admiro, Mário Sérgio Cortella, “O que se leva da vida é a vida que se leva”.

Para se aprofundar

DA CRUZ CARVALHAL, Ivana. Liberdade, angústia e responsabilidade na pós-modernidade. Faculdade Sant’Ana em Revista, v. 4, n. 2, p. 237-246, 2020. Acessado em: https://www.iessa.edu.br/revista/index.php/fsr/article/view/569.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. Rio de Janeiro: Vozes, 1980.

PENHA, João da. O que é Existencialismo. São Paulo: Brasiliense, 2014.

Fique por dentro: Inscreva-se na nossa lista de transmissão exclusiva!

    Beatriz Carboneiro

    Olá, tudo bem? Eu me chamo Beatriz e sou viciada em leitura, além, é claro, de me expressar através da escrita e pintura. Pega um cafezinho, fique comigo e vamos juntos nessa construção do conhecimento, refletindo sobre diferentes temas da psicologia e filosofia existencial.